A PERSONIFICAÇÃO DO IMPROVÁVEL: POR UM MÉDICO “IM”PACIENTE

Autor:
Mario Pastore Neto

O que se escreve aqui são impressões pessoais a respeito de uma vida vivida com tanta intensidade que até o seu fim, será vivida com muita rapidez. Trata-se de expor fatos vividos durante algumas tormentas passadas pelo autor, mas nenhuma delas ele previu que seria tão cruel. O câncer. A tentativa é de se entender e não entender ou influenciar os outros já que cada indivíduo é diferente e cada um tem uma reação e uma compreensão da vida. O autor é médico com especialização em Cirurgia Geral e do Trauma, Cirurgia Torácica e Endoscopia Respiratória, docente do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, e por anos Coordenador de Residência Médica e de Serviço de Cirurgia de um Grande Hospital público da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dedicou, formal ou informalmente, a maior parte de sua vida profissional formando discentes de graduação e pós-graduação médica, sempre dentro dos hospitais e nas salas de aula. Mas não sabia que o maior desafio de sua vida estava por vir. Sentindo a necessidade de retratar a visão do outro lado, o lado do paciente, sobre uma moléstia grave e inexorável, que passou a chamar a doença dos is. Indigna, injusta, implacável, inexorável, infame, indefensável, e quantos mais is queiram. Tendo como base a própria experiência de vida tratando doenças e doentes, se propôs a expor e rasgar as entranhas para mostrar o que é ser doente em um país sem estrutura, desde o mais tenro pensamento como ser humano para entender e digerir a dor de ser canceroso. Tenta ainda, jogar luz (ou trevas) de como é o pensar como doente de uma afecção que não deixará de existir, pelo menos da forma que conhecemos atualmente. Tendo publicado artigos científicos, o qual um lhe rendeu a mais alta comenda do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, a de melhor artigo científico do ano, capítulos de livros e editou e reviu tecnicamente outros, sempre com cunho científico e didático, pode dizer que tudo é muito diferente do que se lê nos livros. Ao longo dos anos percebeu que tudo o que estava preconcebido caiu por terra. Tudo o que se tinha como dogma não vale quase nada. Demonstra as várias facetas dessa doença, de maneira atemporal. Marca a impressão de um ser único e indivisível, mas dual e em conflito que está passando pela última tormenta. Espera-se com esse livro que algumas pessoas se identifiquem com o ocorrido e não se impressionem, pois cada um é um ser único. No entanto, muitas mágoas e rancores, e desejos frustros podem se expressar de maneira nuclear. A medicina tentou explicar isso nas fases do doente oncológico. Veremos se funciona para um médico, com proficiência de causa na área e que como “im”paciente, se é que isso existe, está experienciando uma limonada amarga.