O presente livro tem o propósito de apresentar alguns resultados, reflexões e discussões alcançados pelo NUPEQS ao longo dos últimos anos referentes ao tema COTIDIANO, SAÚDE e MORTE. A realização da pesquisa Trajetória do morto, entre o suspiro final e o ocultamento definitivo ensejou o 1º Colóquio Internacional sobre Quotidiano e Saúde (1º CIQS), com a abordagem da referida temática. Alguns textos relativos às conferências e palestras do referido evento compõem a parte inicial da obra. Com o surgimento da covid-19, os participantes do NUPEQS têm procurado aprofundar a reflexão sobre a temática da morte. Na certeza da necessidade de mais conhecimento sistematizado sobre o assunto, o grupo persistiu na realização de pesquisas, reflexões e debates que originaram os textos que compõem a segunda parte deste livro. Apesar das dificuldades de sintetizar toda a riqueza dos estudos, reflexões e debates ocorridos no interior do grupo, a proposta é oferecer uma aproximação, ainda que sintética, de alguns aspectos em torno da morte e da covid-19. A segunda parte deste livro é uma obra coletiva, fruto da discussão, reflexão e escrita do grupo ao longo dos anos de sua existência. O objetivo foi compreender elementos associados à morte no cotidiano, na perspectiva da mídia, dos provérbios, das tradições, formas de rituais, crenças, superstições que se manifestam na trajetória percorrida pelo corpo morto, chegando à aproximação do entendimento das visitas aos cemitérios no Dia de Finados. A proposição e a execução do trabalho foi um desafio constante cuja superação foi possível graças a busca de resultados práticos, bem como ao aprofundamento teórico metodológico. Não resta dúvida que a finitude do ser humano será sempre um mistério, ninguém pode dizer da própria experiência com a morte, ela jamais será partilhada. Apenas tem-se a certeza que a hora de cada um chegará e o que tantos outros já experimentaram, chegará para cada pessoa.
Não se sabe à priori quando morrer, mas se sabe que não há como escapar dela e, mais ainda, ela é intransferível. Pode-se dizer que diante da morte precisamos traduzir em palavras para os próximos do morto um ruído ensurdecedor que eles gostariam de não entender: a morte do outro.