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Tráfico de Pessoas: Uma perspectiva latino-americana

Tráfico de Pessoas: Uma perspectiva latino-americana

Organização:
Lívia Mendes Moreira Miraglia
Carlos Henrique Borlido Haddad
Giovana Paula Ramos Silveira Leite

O tráfico de pessoas é fenômeno criminal que ocorre em âmbito doméstico e internacional, aquele com mais frequência do que este, muito embora o segundo ganhe mais notoriedade do que o primeiro. Essa característica dúplice levou à elaboração deste estudo. Explica-se. Conhecer a normatização existente, em Estados da América Latina, sobre o tráfico de pessoas fornece variadas dimensões de como o tema tem sido regulamentado no nível interno. Por outro lado, cada um dos países soberanos pode ser origem e destino de vítimas de tráfico, uns destacando-se mais do que outros. São duas dimensões que se conectam seja pela identidade da legislação interna criada para coibir o crime, seja pela necessidade de se unir esforços para prevenir e reprimir as infrações praticadas dentro e fora do território nacional.

Desde 1927, a Liga das Nações destacava que “o principal remédio para prevenir o tráfico é aumentar a consciência, a cooperação internacional, a criminalização da infração e a contribuição da sociedade civil. Além disso, a opinião pública tem sido vista como fator importante por trás do sucesso na luta contra o tráfico” (League of Nations. Report of the special body of experts. Traffic in women and children. Part. I. Geneva, 1927, p. 167).

Parece que nada mudou dada a atualidade das conclusões firmadas na década de 1920. Mas se nota que muitos avanços advieram, como se perceberá pela leitura que ora se apresenta. O leitor verá como Estados da América do Sul e Central têm lidado com o tema, ora criminalizando condutas, ora estabelecendo políticas públicas, por vezes prevendo boas práticas. O estudo comparativo realizado tem a pretensão de servir como instrumento de difusão de medidas que se revelaram exitosas no enfrentamento ao tráfico de pessoas, ao mesmo tempo em que procura mostrar como questões aparentemente similares recebem regulamentação dotada de peculiaridades e que podem ser referência para outros Estados.

Espera-se que, ao final, a viagem que se fará pela América Latina, exibindo a triste realidade de crime que se espalha sem limites fronteiriços, também traga as muitas virtudes que Estados, instituições e pessoas estão construindo por meio de programas e políticas voltados à proteção da vítima e à repressão do delito.

 

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Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas no Oeste do Pará: Diagnósticos e Estratégias de Justiça para Povos Indígenas

Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas no Oeste do Pará: Diagnósticos e Estratégias de Justiça para Povos Indígenas

Organização:
Carlos Henrique Borlido Haddad
Lívia Mendes Moreira Miraglia
Judith Costa Vieira

O presente relatório é fruto de um esforço coletivo voltado à promoção dos direitos humanos e ao enfrentamento do trabalho análogo à escravidão no estado do Pará. Elaborado pela Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da UFMG, no âmbito do projeto “Delivering legal assistance to reduce modern slavery in Belém do Pará”, do Foreign, Commonwealth and Development Office do Governo do Reino Unido, no bojo do Human Rights Magna Carta / John Bunyan Fund Programming, este trabalho só se tornou possível graças ao diálogo constante e à colaboração de instituições, lideranças e comunidades locais.

Mais do que apresentar os resultados da pesquisa e das visitas técnicas, este relatório busca contribuir para a construção de respostas conjuntas e articuladas com a atuação de universidades e organizações que já desempenham papel central na região, em especial a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e Universidade Federal do Pará (UFPA). Ao somar-se a essas iniciativas, o projeto pretende ser complementar, ampliando diagnósticos e fortalecendo redes de proteção e de acesso à justiça para povos indígenas e comunidades tradicionais.

Destacamos, em particular, o papel do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular – Najup-Cabano da UFOPA, coordenado pela Professora Judith Costa Vieira, cuja atuação se pauta na escuta qualificada e no compromisso com os povos originários e comunidades tradicionais do Baixo Tapajós.

A experiência do NAJUP demonstra que a assistência jurídica, para além do direito positivado, deve ser atravessada pela valorização dos saberes ancestrais, pelo reconhecimento das estratégias de resistência locais e pelo respeito às formas próprias de organização política e social das comunidades. Essa capilaridade territorial e essa sensibilidade cultural são elementos indispensáveis para qualquer política ou projeto voltados à justiça social e ambiental que se pretenda efetivo.

Nenhum percurso de pesquisa se realiza de forma isolada. A construção do conhecimento exige diálogo constante e abertura para aprender com aqueles que generosamente compartilham seus saberes. Nesse sentido, a pesquisa aqui apresentada só foi possível graças à generosidade com que a Comunidade Munduruku Taquara nos acolheu e abriu suas portas, possibilitando não apenas a realização deste trabalho, mas também a construção de vínculos e aprendizados que transcendem os limites da pesquisa.

Esse processo de escuta e convivência reforça que a produção acadêmica adquire sentido mais pleno quando se articula a diferentes perspectivas de mundo e reconhece a legitimidade de epistemologias diversas. Cabe, portanto, registrar agradecimentos específicos ao Professor Abimael Munduruku e Rosimary Munduruku, que contribuíram de maneira decisiva para a organização da visita de campo e para a mediação de diálogos fundamentais. De modo especial, ao Tuxaua Leonardo Munduruku e à sua esposa, Joelma Munduruku, cuja hospitalidade e atenção ultrapassaram o acolhimento formal e se converteram em momentos de escuta generosa e aprendizado mútuo.

Da mesma forma, nosso reconhecimento e agradecimento à Professora Arlete Munduruku, que, ao lado de tantos outros, sustenta com coragem e dedicação o trabalho de educar as crianças e de preservar os saberes do povo Munduruku, legando às novas gerações a força de sua memória e identidade coletiva. O reconhecimento a essas contribuições não se limita ao registro de agradecimento, mas evidencia a dimensão fundamental que tais presenças tiveram na própria construção deste trabalho.

Ao publicarmos este trabalho, reafirmamos que o combate ao trabalho escravo contemporâneo e a promoção do trabalho decente exigem mais do que diagnósticos: requerem proximidade, respeito e reconhecimento dos saberes que emergem do território. Que este relatório inspire novas ações colaborativas, consolidando a convicção de que a justiça social e ambiental só será alcançada se construída com, e não para, as comunidades que habitam e protegem a Amazônia.

Esperamos que este relatório possa servir como subsídio para novas ações de pesquisa, extensão e incidência política, reforçando a necessidade de parcerias institucionais e do protagonismo das comunidades indígenas e locais na defesa de seus direitos. Que este seja, portanto, mais um passo no fortalecimento das redes que trabalham, de forma integrada, pela erradicação do trabalho escravo contemporâneo e pela valorização dos povos amazônidas.

Lívia Mendes Moreira Miraglia

Judith Costa Vieira

 

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Anais do LAWinSummit 3.0: Sociedade Conectada, Democracia e Tecnologias Emergentes Vol.1

Anais do LAWinSummit 3.0: Sociedade Conectada, Democracia e Tecnologias Emergentes Vol.1

Organização:
Alcian Pereira de Souza
Franklin Carioca Cruz
Raisa Albuquerque da Silva

Sociedade conectada, democracia e tecnologias emergentes: este é o eixo que orienta o LAWin Summit 3.0, espaço de convergência entre Direito, Tecnologia e Inovação. O presente livro reúne os resumos dos trabalhos apresentados no evento, refletindo a diversidade de olhares acadêmicos e profissionais sobre os desafios e possibilidades que emergem na era digital.

Com uma seleção criteriosa de pesquisas, avaliadas por pareceristas ad hoc, a obra consolida um mosaico de temas contemporâneos: inteligência artificial, proteção de dados, governança digital, impactos sociais dos algoritmos, cidadania digital, democracia em rede e os novos contornos das relações de trabalho, consumo e participação política.

Mais do que um registro científico, este livro é também um convite ao diálogo interdisciplinar. Nele, estudantes, pesquisadores e profissionais compartilham reflexões críticas, propostas regulatórias e experiências práticas que iluminam os dilemas éticos, jurídicos e sociais do nosso tempo.

O LAWin Summit 3.0 reafirma, assim, o compromisso de construir pontes entre universidade, instituições públicas e sociedade, valorizando a ciência aberta, o pensamento crítico e a inovação responsável. Cada resumo publicado aqui representa não apenas uma contribuição acadêmica, mas também uma peça fundamental no esforço coletivo de compreender e transformar a realidade em direção a um futuro mais democrático, inclusivo e sustentável.

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A Autocomposição como Paradigma de Justiça: Diálogos entre Direitos, Sociedade e Resistência Democrática

A Autocomposição como Paradigma de Justiça: Diálogos entre Direitos, Sociedade e Resistência Democrática

Organização:
Rafael Soares Duarte de Moura
Richardson Xavier Brant
Vitória Dreide Xavier Araújo Silva

A obra A Autocomposição como Paradigma de Justiça: diálogos entre direitos, sociedade e resistência democrática reúne pesquisas que exploram os caminhos possíveis para um sistema de justiça mais inclusivo, dialógico e transformador. Em um cenário marcado pela morosidade processual, pela judicialização excessiva e pela permanência de desigualdades estruturais, os métodos autocompositivos são apresentados não apenas como alternativas procedimentais, mas como instrumentos políticos e sociais de democratização e resistência.

Os capítulos transitam entre análises teóricas e empíricas, examinando desde a atuação dos CEJUSCs no Norte de Minas até os desafios do analfabetismo digital, da judicialização da saúde e das novas configurações familiares. A obra contempla, ainda, reflexões sobre gênero, raça, violência estrutural, discursos de ódio e práticas educativas emancipatórias, compondo um mosaico que articula direito, sociedade e cidadania.

Com contribuições de pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas, o livro oferece ao leitor um panorama sofisticado e plural sobre a autocomposição, reafirmando-a como paradigma essencial para enfrentar as tensões democráticas contemporâneas e para construir uma justiça mais acessível, humana e plural.

Trata-se, assim, de uma referência indispensável para acadêmicos, profissionais do direito, formuladores de políticas públicas e todos aqueles que acreditam na potência do diálogo como fundamento de uma nova gramática da justiça.